Um dos mais importantes fenômenos do século 21, a Inteligência Artificial, irá promover transformações que irão moldar o futuro e impactar as experiências sociais e econômicas da humanidade. Segundo Yuval Noah Harari, autor de Sapiens e um dos maiores pensadores da atualidade, “esta é a revolução que possibilitará todas as outras revoluções das próximas décadas”.
O século 21 está só começando, mas já podemos olhar para o futuro e nos preparar para as mudanças que estão por vir, para que possamos utilizar estas mudanças a favor da humanidade e de uma sociedade mais justa. Para isso, precisamos educar, informar e desmistificar a sociedade a fundo sobre a Inteligência Artificial. E a nossa principal ferramenta é a cultura e suas manifestações artísticas.
Organizar uma exposição pode ser uma forma potente para impulsionar a reflexão sobre o tema, unindo arte, entretenimento e informação, e proporcionando uma forma atraente para aprendermos e entrarmos em contato com este fenômeno que inevitavelmente irá mudar nossas vidas.
Miguel Colker
Idealizador
1 . Cérebro-luz
A exposição “I.A. Inteligência Artificial. Irreversível. Agora.” visa chamar a atenção para um tema que não é tão disseminado quanto urgente, os rumos da Inteligência Artificial.
Durante toda a linha de evolução da humanidade é comum que grandes descobertas tecnológicas tenham sido realizadas a partir da observação do mundo externo, principalmente de fenômenos naturais. Dessa vez, o cérebro humano é ao mesmo tempo objetivo final, guia e meio. Essa seção é um convite à reflexão sobre a inspiração maior da I.A.
2 . Linha do tempo da I.A.
Uma cronologia que apresenta os principais momentos do desenvolvimento da I.A..
O interessante dessa linha do tempo é que muitas vezes somos surpreendidos com as datas. Por mais que a exposição se desenvolva a partir de um recorte atual, é surpreendente que a linha do tempo comece em 1927, bem antes do que a maioria das pessoas imaginaria.
3 . O que é inteligência artificial?
Antes de nos debruçarmos sobre a inteligência artificial, precisamos primeiro pensar sobre o que é inteligência. Na verdade, qualquer tentativa de entendimento seria apenas mais uma tentativa, afinal, não há consenso entre os especialistas. De Piaget, o biólogo que colocou a inteligência em um microscópio, até Howard Gardner, o psicólogo autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, as visões são diversas.
Ainda assim, precisamos de um ponto de partida. Segundo o filósofo Francesc Torralba Rosselló, “em um sentido puramente etimológico, a palavra inteligência denota a capacidade de discernir; de separar; de peneirar entre as diferentes alternativas e ser capaz de tomar a decisão mais oportuna”.
Independente dos seus mais variados entendimentos, o fato é que esse nosso sistema de raciocínio que nos diferencia de outros animais, virou, ao mesmo tempo, inspiração e instrumento para o ramo da ciência que se ocupa em desenvolver mecanismos e dispositivos tecnológicos que consigam simular a inteligência humana: a inteligência artificial.
Por mais avançados que estejam os estudos sobre I.A., ainda assim se tratam de meras tentativas de reproduzir algo que ainda sequer conseguimos entender completamente. Mas uma coisa é certa: continuaremos tentando.
4 . Dados, dados e mais dados
É surpreendente sabermos que a partir da década de 1940 já haviam artigos acadêmicos e estudos relacionados com a inteligência artificial. Em 1943, as redes neurais, estruturas de raciocínio artificiais que imitam nosso sistema nervoso, são apresentadas por uma dupla de cientistas americanos. Já em 1950, Claude Shannon estuda sobre como programar uma máquina para jogar xadrez. O famoso Teste de Turing, método que pretendia diferenciar um humano de uma máquina, surge nesse mesmo ano, criado pelo lendário Alan Turing. No ano seguinte, surge a calculadora SNARC, o primeiro neuro computador do mundo que simulava sinapses através de operações matemáticas.
A capacidade inventiva do ser humano estava claramente à frente da capacidade de processamento das máquinas. Qualquer smartphone atual é muito superior tecnologicamente em comparação aos computadores da época. E isso se mostrou uma barreira para o desenvolvimento da inteligência artificial, que passou por dois “invernos”, sendo o primeiro nas décadas de 1970 e 1980 e o segundo na primeira metade da década de 1990.
Com a explosão da Internet comercial, a era da escassez de um dos mais importantes ingredientes para o desenvolvimento da inteligência artificial chega ao fim. O protótipo do programa de busca que vasculha a rede de maneira automática mais famoso do mundo, o Google, nasce nesse período, por exemplo.
Com a abundância dos dados, em um mundo cada vez mais conectado através da democratização da internet, finalmente os estudos e avanços em inteligência artificial puderam ser retomados de maneira expressiva. Chegamos a era do Big Data. Chegamos a era do Aprendizado de máquina. Chegamos à era da inteligência artificial.
5 . E hoje, onde estamos?
Verdadeiro ou Falso?
A inteligência artificial ajudou no combate a Covid-19? Já existe uma robô com cidadania na Arábia Saudita? Uma I.A. compôs o fim de uma sinfonia inacabada de Beethoven?
Muitos são os fatos sobre Inteligência Artificial que não são de conhecimento geral, mas já são realidade comparável à ficção científica. Na exposição, vamos testar seu conhecimento sobre essa tecnologia.
Reconhecimento facial:
Vivemos ao mesmo tempo em vigilância constante e exposição voluntária. Estamos fornecendo gratuitamente informações valiosas sobre nossas vidas privadas, que por muito tempo permaneceram apenas em foro íntimo. Filtros nas redes sociais parecem inofensivos e divertidos, mas fato é que são uma ferramenta poderosa de fornecimento de dados para sistemas de reconhecimento facial. O uso dessa tecnologia em programas de segurança pública, à primeira vista, nos parece extremamente necessário, mas levanta sérios debates, pois além de ainda imprecisos, violam cada vez mais nossa privacidade. Você está sendo filmado. Sorria?
6 . O limbo
“Quando se trata de entender nosso futuro com a I.A., somos todos crianças no jardim de infância”, como bem define o cientista da computação Kai-Fu Lee. Estamos cheios de perguntas sem respostas, tentando prever o futuro com uma mistura de admiração e preocupação. Queremos saber o que a automatização da I.A. significará para nossos empregos, quais mudanças significativas acontecerão na nossa vida em sociedade e por aí vai.
Como a História nos conta, diversas tecnologias foram utilizadas para destruição em massa. A I.A. tem potencial incomparável a tudo que conhecemos. Por outro lado, uma superinteligência nunca vista pode ser a resposta para problemas que os humanos não conseguiram ou quiseram solucionar, trazendo uma era de abundância.
7 . Utópicos x distópicos
E você, o que pensa sobre o futuro?
Os utópicos são aqueles que conseguem enxergar o poder positivo de transformação através da inteligência artificial.
Já os distópicos, são pessimistas quanto ao que está por vir.
Aqui, a reflexão é levada ao extremo, não tem meio termo. Faça sua escolha e viaje para o futuro.
8 . Conhecimento é poder
O futuro da I.A. está sendo moldado por decisões tomadas no presente. Os problemas que enfrentamos como sociedade atualmente estão se replicando no desenvolvimento da Inteligência Artificial, além das diversas novas questões trazidas por essa tecnologia. Precisamos ser co-autores e não apenas espectadores desse processo, afinal, quanto mais geramos dados, mais a I.A. se desenvolve.
Uma das inovações que usam I.A. que está mais próxima de se concretizar do que podemos imaginar e que interfere diretamente na vida de grande parte da sociedade é a utilização de carros autônomos, ou seja, veículos que irão se locomover pelas cidades sem motoristas humanos. Muitas das decisões importantes sobre essa nova tecnologia já estão pensadas. Suponhamos que um motorista tenha que decidir entre a colisão do carro que está dirigindo ou desviar a rota e fatalmente atropelar alguém. Como os seres humanos tomam essa decisão em frações de segundos? Depende. E os carros autônomos? Qual é a escolha correta? Existe escolha correta? O MIT desenvolveu a Moral Machine que é descrita pelo instituto como “uma plataforma para coletar a perspectiva humana em relação às decisões morais feitas pela inteligência das máquinas, como em carros autônomos”. Na exposição, convidamos o público a experimentar a plataforma em um dos monitores disponíveis.
9 . Campo minado
Com a capacidade de se aprimorar continuamente, máquinas super inteligentes, conhecidas como “inteligência artificial geral”, podem ameaçar a vida humana. Não exatamente por nos odiarem, mas por servirem a um propósito específico determinado pelo homem e não medirem consequências para atingi-lo, mesmo que isso signifique colocar toda a humanidade em risco. Em seu livro “Superinteligência: caminhos, perigos e estratégias”, o filósofo de Oxford, Nick Bostrom, alerta para os perigos do surgimento destas máquinas mais inteligentes que nós. Por isso, tão importante quanto os estudos para o aprimoramento das inteligências artificiais, são as formas de controle sobre essas máquinas. E se, em uma emergência, precisarmos desligá-las, seremos capazes? Nesse sentido, estamos de fato em um campo minado, onde não sabemos exatamente onde estamos pisando, mas precisamos nos concentrar em entender.
Muitos podem pensar que tudo isso não passa de paranóia ou extremismo, mas muitas mentes brilhantes, como o já falecido astrofísico Stephen Hawking, já demonstraram publicamente suas preocupações sobre a possibilidade de um futuro sombrio. Se mal projetada ou em mãos erradas, essa chamada superinteligência poderá ser o principal risco que a humanidade enfrentará no próximo século. Então, quando se trata de pensar sobre o futuro da I.A.,o fator mais importante será como agirão os seres humanos.
“A humanidade não deve passar o resto da eternidade desejando desesperadamente que os programadores tivessem feito algo diferente”
Eliezer Yudkowsky
10 . Afinal, qual é o nosso papel como seres humanos?
O que o futuro nos reserva ainda é incerto. Muitos estudiosos acreditam que teremos uma superinteligência artificial absurdamente compacta ou até mesmo que faça parte de outros organismos vivos. Podem, inclusive, nem serem visíveis aos nossos olhos. Ou, quem sabe, existirão em formas humanóides. Independente de sua forma, será que estamos preparados para lidar com prováveis super inteligências artificiais, que nós mesmos criamos?
O ser humano, historicamente, traçou um caminho evolutivo de superioridade e, agora, talvez possamos ter uma mudança de rumo. Mas será que precisamos sempre competir, ao invés de coexistir?
Afinal, qual é o nosso papel como seres humanos? Nesta seção, propomos uma interação entre inteligência artificial e ser humano, através de uma experiência coletiva. A partir de dados coletados por uma câmera de captura de micro expressões faciais, a I.A. consegue identificar qual é a emoção predominante na sala, entre neutralidade, felicidade, tristeza, surpresa, medo, nojo e raiva. Feito isso, ela propõe ao público uma representação visual daquele sentimento. Mesmo que à sua maneira, a inteligência artificial procura traduzir em imagens os sentimentos humanos. Nessa experiência, o seu reflexo é a forma como essa inteligência artificial te enxerga. E essa troca entre homem e máquina tem o poder de revolucionar o mundo.
Equipe
I.A. Inteligência Artificial. Irreversível. Agora
Idealização - Miguel Colker
Concepção, curadoria e pesquisa - Ostra Estúdio
Realização - Araucária Agência Cultural
Direção de Arte e Expografia - Rodrigo Franco e Larissa Canesso
Desenho de Luz - Eduardo Dantas
Desenho de Som - Alexandre Elias
Produção - Paulo Dary, Rodrigo Franco e Henrique Botkay
Identidade Visual - Guilherme Telles
Produção de conteúdo e textos - Rodrigo Franco e Larissa Canesso
Revisão de textos - Mateus de Castro
Vídeo Instalação “Campo Minado” - Vini Fabretti
Instalação imersiva “E afinal, o que significa ser humano?” - The Force
Ilustrações - Ricardo Barata
Áudio-visual - Vídeo Mais
Assessoria de Imprensa - Approach Comunicação
Montagem de Cenografia - Carlos Augusto de Campos
Montagem de Luz - Belight
Araucária Agência Cultural
Diretor fin-adm - Rodrigo Wodraschka
Diretor geral - Miguel Colker
Coordenação de produção - Paulo Dary
Coordenação de com. e relacionamento - José Menna Barreto
Coordenação de design - Guilherme Telles
Analista fin-adm - Bruno Almeida
Analista de produção - Henrique Botkay
Analista de produção - Mariana Amaral
Analista de comunicação - Nathalia Mendes
Analista de relacionamento - Debora Giangiarulo
Analista de design - Romy Morgado
Analista de design - Paulo Tavares